terça-feira, 8 de setembro de 2015

Caminho à faculdade

Por diversas vezes tomei o ônibus para ir à faculdade.

Em vários momentos refleti sobre o pequeno trajeto diário repleto de rebuliços, paradas e gente sem educação. Se uma ou outra me chamou a atenção nesse tempo todo foram apenas algumas meninas de beleza singela ou extravagante. Nada demais para alguém como eu.

Não sei bem há quanto tempo boa parte do percurso vinha se tornando mecânica, assim como o levantar, assim como o alimentar-se. Isto definitivamente não estava fazendo bem pra mim.

Hoje, entretanto, algo me surpreendeu. O dia amanheceu diferente; amarelado. Olho pela superfície porosa do vidro da janela e vejo algo extraordinário; era a poeira atmosférica precipitando-se nas gotículas de chuva que viriam a se formar logo em breve. Lindo espetáculo no céu, diga-se. Claro, infiro isso por bem saber e gostar de quando isso acontecia. Acordo, visto-me e saio rumo ao ponto com os fones de ouvido confirmando o que havia pensado, porém sem dar muita atenção. Afinal, era apenas mais um belo dia nebuloso em minha vida. Chegando ao ponto, sem mais nem menos o dia se faz noite, cheio de nuvens negras. Ótimo! Afinal, as roupas já haviam sido lavadas e cabia a mim aproveitar o balé artístico de folhas e ventos que tomavam conta para onde quer que eu olhasse.

Espero o primeiro ônibus. Lotado.

Espero outro. "É, vamos nesse", penso.

Tenho o raro prazer de ir sentado em uma poltrona confortável — coisa difícil de se conseguir por essas bandas. Não demora e começa a chover de verdade, com o vidro do ônibus embaçando e desembaçando quase que compassadamente. Eu com meus fones de ouvido tento entender algo de Direito Penal ao passo que entre o livro e o cenário lá fora altero duros desvios de atenção. Contento-me em entender apenas uma parcela de meu estudo e resolvo dedicar o resto do tempo a contemplar o magnífico cenário que se formava ao som de "Riders on the storm". Não há Roxin ou Lizt que me atraiam em um momento como este.

Sinto um aprendizado sublime, e poder descrevê-lo é uma benção que guardo e ganho sempre que dedico um pouco de espírito a reles experiências, efêmeras por um lado, mas eternas por outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário