sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Pensamento crítico

Diz-se muito para adquirir o tal do "pensamento crítico", mas experimente, colega, experimente usá-lo para ver se não te esmagam com o "método tradicional".

Esse papo de pensamento crítico, em boa medida, não passa de conversa fiada. O professor que tenta te ensinar isso, via de regra, acaba te sonegando conhecimento verdadeiro (isso quando tem), restringindo-lhe possibilidades de crescimento intelectual.

Há, no entanto, magistrais exceções! Conheço alguns excelentes professores que trabalham nessa perspectiva — deve-se falar "perspectiva" porque vocês não imaginam o bafafá em torno de se isso é um "método", se é "pós-método", ou se é uma "abordagem", etc. Trabalham de uma maneira muito boa e que, na verdade, nada mais é que o correto a ser feito quando o aluno já tem bastante compreensão do objeto de estudo; ideal para o ensino superior, onde o conhecimento, em tese, não deveria ser "transmitido", "engolido" e repetido como verdade absoluta.

Nas bases estruturantes é outra história. Não há nada de mais no período de formação da personalidade ser posto algumas normas e fazê-las ser cumpridas. Bom mesmo são aqueles que se revoltam com elas, mas as entendem e debocham delas, hahaha! Esse aí já é "meio crítico", mas no fim das contas só metido a besta mesmo. Um guiamento mais próximo faz com que o sujeito vá longe!

Quererem que o sujeito desenvolva o dito cujo aos treze anos, tendo ele assistido Matrix ou qualquer coisa do tipo no espírito de fazer revolução! Essa chave de visão onde "tudo está errado" demorará um século pra sair de sua cabeça. Moralismo bem barato...

É um bolo louco que não raramente só passando pela situação para entender precisamente o grau de doidêra.

Eu fui otário. Caí no conto do vigário.

Mas quer saber? Imunidade. Já não há mais desculpa.

Agora é pessoal, e eu não vou voltar atrás.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Soneto odioso para Vivo

Ó, Vivo, lasca de estrume que jaz
cá no coração de Dourados e
a qual por sinal espero sentado,
odeia-me o quanto te odeio, imunda!

Ó, Vivo, comprou a outra sem honrar sua
História, vil cobra asquerosa, e
assim, assim é sua labuta? Conchavos, ah!
Que do monte caia, se arrebente, asco!

Odeia-me o quanto te odeio; luta!
Que no chão te olhe vencida, e
que, menos favorecida, o coro

de Legião te apavore ainda
as vísceras! Odeia-me o quanto
te odeio, vil empresinha pífia!


*

Amém.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Melhor pra mim

Se eu não consigo fazer o que é melhor pra mim, como é que eu vou fazer o melhor para os outros?

São nesses momentos que começo a pensar qual é a real do egoísmo.

Será que é esse malvadão aí todo mesmo?

Partir para uma resposta depois de chegar num "depende" é osso, mas vamos lá.

O famigerado, depende!

Imagine que você está numa situação onde quer fazer algo por uma coletividade, seja por sua sala de aula, seja por seu município ou pelo o que for!

Só não perca de vista o seguinte detalhe: você irá se prejudicar com isso. Isto é, de alguma forma irá se desgastar bastante, "arrumar para cabeça", ter de lidar com pessoas indesejáveis, etc.

Ainda assim topa? Mesmo assim quer continuar nessa ação!?

Ótimo!

Mas não perca de vista que isso não te faz melhor que ninguém, campeão. E nem dá para esperar reconhecimento por isso. Muito pelo contrário: as pessoas irão caçoar (poxa, eu falei 'caçoar' mesmo? Tô ficando velho) de você, falar mal de você pelas costas, etc, etc, etc.

Se isso NÃO TE AFETA, ótimo champz! Você venceu na vida e eu te admiro.

Não é muito comum que as pessoas tenham esse tipo de atitude.

Mas, como diria o apresentador Marcelo Rezende, "(...)aí eu te pergunto...":

— Essa é a melhor coisa que você pode fazer por aquelas pessoas, para aquela situação?

Pensa aí.

Demora aí um pouco.

Fica refletindo pelo menos uns cinco minutos.


*

Obs: não estou te dizendo para não agir nas diversas situações, mas apenas te convidando a fazer esse exercício imaginativo para ver se, de fato, o que você faria seria a melhor opção.

*


Pensando nisso me veio à cabeça algo bem interessante, que é a página do Facebook "Universidade Capenga". E, antes de mais nada, eu não estou recebendo jabá para falar disso aqui, mas bem que poderia.

Sérgio, o idealizador do outrora ('outrora', putz, tô ficando velho mesmo!) blog há mais ou menos uns dois anos atrás apostou e atirou em cheio criando o Ignição Universitária e particularmente o pacote Operação Salva Semestre, que de tanto sucesso teve a segunda edição (a qual eu adquiri).

Consiste basicamente em um conjunto de palestras em vídeo com dicas, caminhos e métodos bem práticos para aqueles universitários que estão com problemas de concentração, baixa auto estima, se alimentando mal, sem praticar exercícios, ou seja, sendo um universitário brasileiro comum.

Não deveria ser engraçado, não é?

Mas o que esse pacote tem a ver com aquele lance de "sacrificar-se pelos outros" ou algo que o valha?

Bom, aí entra um pedaço da minha história.

Como já contei em outro post, eu tenho um certo histórico de agitador do qual não me orgulho, mas também não me envergonho tanto, pois no meio de tantas mentes paradas eu surgia em alguns lugares como algo destoante ao meio, nunca pelo prazer de "causar", mas simplesmente porque pensava muito diferente do que geralmente estava imposto por ali.

O Sérgio também havia tentado (e até onde eu sei parece que conseguiu) montar o Centro Acadêmico de Engenharia Mecânica, porém logo percebeu que este órgão não era o mais adequado tanto para os problemas que a faculdade dele passava quanto para o momento social.

Afina de contas, as formas de comunicação haviam mudado. O mundo estava em plena Primavera Árabe.

As redes sociais ganhavam uma baita força.

O Universidade Capenga conseguiu aglutinar jovens universitários de todo país trazendo de uma forma bem humorada problemas que eles passam Brasil afora, primeiramente com tirinhas no blog e depois com vídeos no YouTube.

Como muitos dos universitários acabam se mudando para longe das casas dos pais e uma boa parte deles sentem muita falta da família, coisas como essa são um alívio.

Fazer os outros rirem até mesmo, senão principalmente da própria situação sem agredi-los é algo muito raro e o Sérgio fez e faz isso muito bem.

E sabe de uma coisa?

Por mais que agremiações estudantis sejam muito, muito importantes, enxergo numa iniciativa dessas do Sérgio, que tomou proporções gigantescas e abriu muitas portas para ele algo que podia ser feito no alcance dos meios que ele possuía.

Isso me faz lembrar de mim mesmo.

O que será que eu tenho feito que está muito além da minha capacidade?

Será que é por isso que venho falhando em algumas áreas da vida?

Você também se faz esse tipo de pergunta?

Esse artigo termina assim, com uma dúvida, e não com uma conclusão fechada.

terça-feira, 2 de maio de 2017

Altas Horas, Nando Reis e canções secretas

Me lembro da primeira vez que ouvi a música “Por onde andei”, do Nando Reis. Estava assistindo televisão, ligada no programa Altas Horas. Era um tempo em que eu costumava não perder um! Gostava pra valer. Quem estava cantando naquele dia, na verdade, não era o Nando Reis, mas um ator que parecia estar estreando na Malhação ou coisa assim. Não era o Cauã Reymond, mas um sujeito no mesmo estilo.

O cara cantava bem, mas uma vez anotado trechos da música para procurar na internet no fim de semana (discada) simplesmente me impressionei. Nando Reis. Nunca tinha ouvido falar no sujeito e estava eu ali, na frente do computador, encantado com a canção do homem.

Desculpa. Estou um pouco atrasado, mas espero que ainda dê tempo de dizer andei errado e eu entendo as suas queixas tão justificáveis. E as faltas que eu fiz essa semana... Coisas que pareceriam óbvias até pra uma criança!

Nossa mãe do Céu. Me derramei naquela letra. E não porque havia vivido situação similar – nada disso! Eu, com uns treze anos, já tendo vivido algo assim? Pff! Até parece.

Acontece que aquele som me tocou. Dei uma conferida pra ver se a versão era boa e baixei o mp3 no defunto P2P Limewire. Ouvia o d-i-a t-o-d-o. Ouvia o dia todo, mas era uma das tantas “canções secretas” que eu tinha, daquelas que “somente nós sabemos da existência” (sic) e as quais mostrar para os outros é como mostrar uma parcela da alma.

Esses tempos atrás estava analisando que não uma ou duas, mas uma boa quantidade das músicas que realmente gosto são aquelas que nas letras há várias questões, justamente porque me é natural questionar o status quo. Já não negativamente, eu acho.

“Será que eu sei que você é mesmo tudo aquilo que me faltava?”

Cara, que dúvida infernal! Como saber isso? Como saber se é realmente – o sentido de “mesmo” na frase é “realmente” – ela (ela quem, meu Deus?) era tudo que me faltava (me faltava e eu nem sabia?)?

Hahahaha.

Só sei que depois daquela noite meio fria em que estava assistindo Altas Horas, e que o Sérgio Groisman deu oportunidade para o, então, garoto se apresentar me rendeu horas e horas de escuta atenta.

A canção me é cara até hoje. Em um dado momento fez sentido completamente e hoje ainda faz, mas à título de recordação.

Obrigado, Nando.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

A faculdade não passa de uma escola um pouco mais difícil

No Brasil é tradição entre aqueles que possuem um pouco mais de instrução encaminhar os filhos para as áreas bacharelescas clássicas: Direito, Medicina e Engenharia.

Ao longo da escola muitos dos meus professores e colegas me disseram que eu tinha capacidade para cursar Direito, considerado até então um curso de difícil acesso na universidade pública e de mercado lucrativo.

Meus pais, por outro lado, nunca me disseram nada a respeito do que eu tinha ou não de cursar. Posso dizer que me deixaram bem livres nesse quesito, entretanto não é segredo de ninguém que especificamente meu pai sempre quis que um ou outro filho cursasse Direito, provavelmente devido ao período que trabalhou no fórum e via a vida estável dos operadores como uma boa vida.

Não foi o caso do meu irmão nem das minhas irmãs. Sobrou pra mim.

Mas isso não foi logo de imediato. Logo ao sair do Ensino Médio, incentivado pela minha professora de Inglês Maria Lúcia, e com os olhos brilhando para o universo britânico fui e cursei Letras, habilitação em Português/Inglês com a intenção clara de ser professor dessas disciplinas.

Cursei três anos, mas deixei a faculdade no último ano para começar uma outra área. Direito. Festa. Família feliz.

Confesso que também fiquei bastante feliz à época. Afinal, eu tinha planos com a minha ex-companheira. Infelizmente após um ano de curso acabei tendo que seguir os planos sozinho, e isso foi bastante complicado para mim.

Nesses momentos a gente realoca as prioridades e é um trabalho extremamente individual onde as dicas e conselhos simplesmente parecem não servir de muita coisa.


Passados esses tristes dias, aquele interesse nascente pela área foi se tornando algo mais pragmático, menos brilhante e na verdade até opaco.

Posso falar que estava vendo a fria cara da Justiça. E naquele momento ela não me pareceu bonita como falavam que era.


Quando saí de Letras estava bastante revoltado com a universidade. Me sentia traído pela oferta de ilusões ao invés de ensino sério.

Ao entrar em Direito as coisas me pareceram muito diferentes, afinal de contas é um curso conservador pela própria natureza do objeto e isso me atraiu bastante.

Hoje, entretanto, já não tenho mais admiração pelo curso devido à sua prostituição em nome das fogueiras do mercado.

Apenas não quero jogar esses anos de estudo à lata do lixo.

Tentarei aproveitá-los da melhor forma andando com minhas próprias pernas o mais breve possível.