quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Dois mil e dezessete, tretas superadas e debates

Nota inicial que talvez seja repetida ad nauseam: tentarei ser mais assíduo com as postagens, rs.

Sabe, os estudantes de Direito sempre são lembrados como os "barraqueiros" (e de fato muitos o são), e, a despeito de "levar na esportiva" as piadinhas sobre isso, toda brincadeira tem lá seu fundo de verdade.

Se formos parar pra pensar, isso bem pode levar a refletir sobre a nossa prática enquanto tais.

Geralmente esses "barracos" se dão em filas de banco, de supermercado, etc, etc, na maior parte das vezes por verdadeiras mesquinharias (de um lado e de outro da contenda), as quais o alvoroço parece não valer nada. Objetivando sanar o conflito de interesses, dá-se causa a tantos mais.

Por que não captar a parte veemente disso tudo e colocá-lo de modo organizado num ambiente propício e com regras determinadas, seja refletindo sobre questões do dia-a-dia comum, seja temas que exigem maior aprofundamento e encadeamento de ideias? Ora, tem-se um debate, pois, em maior ou menor grau de complexidade.

Por que não tentar resolver as coisas de modo ordeiro (quando o clima ferve), de modo calmo (quando as palavras inflamam), de modo altero (quando o egoísmo galopa)? É uma prática a ser perquirida e que pode nos melhorar muito.

Já tive inúmeros "bate bocas" dos quais eu não me arrependo por um único motivo: na esmagadora maioria das vezes eu fui o único a abrir a boca (ainda que para algumas vezes errar) quando todos à volta, mesmo inúmeras vezes concordando comigo, diziam "sim, senhor" para algo que não entendiam minimamente nem poderiam entender se submetendo a seus professores. Não estou apontando dedos na cara, apenas chamando à reflexão, pode confiar.

São precisamente as questões tratadas nesses "bate bocas" que julguei importantes, e não por outra causa senão esta (tê-las julgado importantes). Entender não minimamente, mas o máximo possível do contexto histórico, dos princípios, dos fundamentos, isso se faz necessário para a compreensão do Direito, e hoje observo isso de uma maneira mais clara.

O estudo dos Códigos é importante? É evidente! Importantíssimo, aliás. Essencial, diga-se. Entretanto não refletir sobre "o que está posto" (já ouviu falar em "Direito Positivo"?) não me parece nem um pouco diferente de programar um software num hardware. Mas um hardware antigo não comporta um software moderno (senão com gambiarras, que faz dele um Frankestein). Claro, essa analogia é incompleta em inúmeros pontos, entretanto o mais importante dela é o "precisamos de um hardware novo"? Isto é, de um "cérebro novo" para nos guiarmos, ou isso é "coisa de progressista"?

Não é necessário ir muito longe. Não precisamos nem chegar em discussões de "temas sociais polêmicos" (aborto, drogas, etc), mas, por hora, nos ater à reflexões diárias. Seu inimigo são os impostos? Ótimo! Reflitamos sobre eles, então. Sua treta é com a ineficiência estatal? Beleza! Vamos pensar sobre isso.

Um grande colega de curso, meu veterano, parte do seguinte ponto quando pára pra analisar essas questões: na maior parte das vezes o outro não está debatendo, ele apenas quer provar que seu ponto de vista é o correto. Concordo com ele cem por cento! Até porque já me peguei fazendo isso muitas vezes. Significa que o que defendia estava errado? Não. Mas talvez o modo, sim.

Não tenho mais rixa com professor algum. Já tive com um, que depois tornou-se apenas discussão calorosa, mas o qual hoje posso quase chamar de 'meu amigo'. Não é feio admitir que se erra. Tanto eu quanto ele. Ele não admitiu, mas não tem problema. Mas errou sim; não na substância, e sim na forma (como eu).

Depois de um tempo você percebe que tudo aquilo é gasto de energia inútil, pois no fim das contas raramente alguém quer entender alguma coisa ou pensar de modo mais elaborado, perguntar "o que você leu?", "qual seu referencial para dizer isso?", etc, requisitos mínimos para qualquer discussão que se preze.

;)

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