quinta-feira, 20 de abril de 2017

A faculdade não passa de uma escola um pouco mais difícil

No Brasil é tradição entre aqueles que possuem um pouco mais de instrução encaminhar os filhos para as áreas bacharelescas clássicas: Direito, Medicina e Engenharia.

Ao longo da escola muitos dos meus professores e colegas me disseram que eu tinha capacidade para cursar Direito, considerado até então um curso de difícil acesso na universidade pública e de mercado lucrativo.

Meus pais, por outro lado, nunca me disseram nada a respeito do que eu tinha ou não de cursar. Posso dizer que me deixaram bem livres nesse quesito, entretanto não é segredo de ninguém que especificamente meu pai sempre quis que um ou outro filho cursasse Direito, provavelmente devido ao período que trabalhou no fórum e via a vida estável dos operadores como uma boa vida.

Não foi o caso do meu irmão nem das minhas irmãs. Sobrou pra mim.

Mas isso não foi logo de imediato. Logo ao sair do Ensino Médio, incentivado pela minha professora de Inglês Maria Lúcia, e com os olhos brilhando para o universo britânico fui e cursei Letras, habilitação em Português/Inglês com a intenção clara de ser professor dessas disciplinas.

Cursei três anos, mas deixei a faculdade no último ano para começar uma outra área. Direito. Festa. Família feliz.

Confesso que também fiquei bastante feliz à época. Afinal, eu tinha planos com a minha ex-companheira. Infelizmente após um ano de curso acabei tendo que seguir os planos sozinho, e isso foi bastante complicado para mim.

Nesses momentos a gente realoca as prioridades e é um trabalho extremamente individual onde as dicas e conselhos simplesmente parecem não servir de muita coisa.


Passados esses tristes dias, aquele interesse nascente pela área foi se tornando algo mais pragmático, menos brilhante e na verdade até opaco.

Posso falar que estava vendo a fria cara da Justiça. E naquele momento ela não me pareceu bonita como falavam que era.


Quando saí de Letras estava bastante revoltado com a universidade. Me sentia traído pela oferta de ilusões ao invés de ensino sério.

Ao entrar em Direito as coisas me pareceram muito diferentes, afinal de contas é um curso conservador pela própria natureza do objeto e isso me atraiu bastante.

Hoje, entretanto, já não tenho mais admiração pelo curso devido à sua prostituição em nome das fogueiras do mercado.

Apenas não quero jogar esses anos de estudo à lata do lixo.

Tentarei aproveitá-los da melhor forma andando com minhas próprias pernas o mais breve possível.

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